quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Texto 2 - Tendências pedagógicas na prática escolar

Cipriano Luckesi apresenta algumas concepções pedagógicas com a caracterização das tendências liberal e progressista. O autor lembra que o termo liberal não tem o sentido de "avançado", "democrático", "aberto", como costuma ser usado - mas sim como uma manifestação própria do sistema capitalista (predominância da liberdade e dos interesses individuais da sociedade e organização social baseada na propriedade privada dos meios de produção). A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Embora difunda a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições. Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional e evoluiu para a pedagogia renovada, sendo que ambas conviveram e ainda convivem na prática escolar. 
tendência liberal tradicional - tendência em que o aluno é educado para desenvolver sua aptidões individuais e os conteúdos. Os procedimentos didáticos e a relação professor-aluno não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno nem com as realidades sociais. Predomina a autoridade do professor.
A tendência liberal renovada - valoriza a auto-educação (o aluno como sujeito do conhecimento), a experiência direta sobre o meio pela atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo. Apresenta-se em duas versões distintas:
A tendência liberal renovada progressista - a finalidade da escola é adequar as necessidades individuais ao meio social através do método de ensino de "aprender fazendo", que valoriza o processo de aquisição do saber, sendo o papel do professor auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo da criança. O aprender se torna uma atividade de descoberta, de auto-aprendizagem. Entretanto, sua aplicação é reduzida.
A tendência liberal renovada não-diretiva -  nessa tendência acentua-se o papel da escola na formação de atitutes e os conteúdos são focados nos processos de desenvolvimento das relações e da comunicação. A educação é centrada no aluno e o professor tem papel de "facilitador", ajudando o aluno a se organizar. A motivação resulta do desejo de adequação pessoal na busca da auto-realização.
A tendência liberal tecnicista - seu interesse imediato é o de produzir indivíduos "competentes" para o mercado de trabalho. Os conteúdos são as informações, princípios científicos, leis etc., estabelecidos e ordenados numa sequencia lógica por especialistas. O papel do professor é obter o comportamento adequado pelo controle do ensino, baseado em uma tecnologia educacional e de um processo de condicionamento.
A tendência progressista libertadora - sua marca é a atuação "não-formal". Os conteúdos de ensino são denominados "temas geradores" e são extraídos da problematização da prática de vida dos educandos. É feita uma contextualização como método de ensino e adota-se como passos de aprendizagem a codificação-decodificação e a problematização da situação. O relacionamento professor-aluno é horizontal, onde educador e educandos se posicionam como sujeitos do ato de conhecimento.
A tendência progressista libertária - focada na auto-gestão e com a ideia básica de introduzir modificações institucionais iniciando-se nos níveis subalternos para futuramente atingir todo o sistema. O método de ensino é indutivo e voltado para a vivência grupal. O professor é um orientador e um catalizador, ele se mistura ao grupo para uma reflexão em comum. Há ênfase na aprendizagem informal, via grupo.
A tendência progressista "crítico social dos conteúdos" - a tarefa primordial da escola é a difusão de conteúdos. Há uma apropriação do conhecimento por meio da aquisição de conteúdos e da socialização. Os conteúdos de ensino são os conteúdos culturais universais e há possibilidade de uma contextualização direcionada para a reavaliação crítica frente a esses conteúdos.

Comentário:
As tendências são apresentadas no texto de forma bastante esquematizada para permitir uma diferenciação didática. Entretanto, na vida prática, a diferenciação não é tão evidente porque, muitas vezes, elas convivem lado a lado ou mesmo se complementam. Cabe ao educador, diante das possibilidades que se apresentam em seu cotidiano de exercício da docência, escolher qual a tendência mais apropriada para ser incorporada ao processo de ensino-aprendizagem.

2 comentários:

  1. Muito bonitos os esquemas do texto, parabéns!
    E vc pontua algo bem interessante que revela que a organização proposta pelo autor, nem sempre conseguimos identificar na prática, ou seja, práticas que revelem características de tendências isoladas.

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  2. O texto é muito bem elaborado de forma objetiva e suscinta nos ajudando a entender a essencia de cada tendencia,me ajudou muito. Obrigado

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